17 de dez. de 2010

Sem Título (e amor)

Ontem encontrei Fernando e não nos víamos a muito tempo. Ele acordou cedo só para isso. Desabafou algo que estava entalado e pediu que levassem comigo os presentes que seu amor deixara para trás. Oito de maio é meu aniversário e também a data dos presentes que ganhara. Eu disse a ele que não adiantava livrar de tudo isso sem limpar o coração. Ele chorou. A correria do dia cortou a conversa ao meio e o assunto ficou para depois. O Almoço não tinha sabor e ele foi embora como quem queria ficar.


Outro dia uns amigos distantes ligaram para ele e juntos beberam até tarde da noite. Na verdade eram amigos de sua ex que o acolheram muitas vezes. Fernando tentou encontrar outro amor, mas viu seu passado descendo a rua e sentiu uma forte dor por não estar lá, naquele carro onde suas marcas ficaram. Ele buscava apenas por um caminho que levava a lugar algum. A dor de perda, a dor da morte e do sangue escorrendo pelo chão sem saber o que fazer faziam com que sua cabeça latejasse. Mandou uma mensagem antes de dormir, sofreu e se arrependeu. Levou um susto com a resposta, fria como sempre, mas que lhe trouxe um meio sorriso.



Ele me disse também que ligou para Eliana, sem remorso algum quanto ao que fez na quinta-feira. Foi frio nas palavras. Do outro lado da linha era a pessoa que mais o amava, mas ele não se importava com isso. Mais a noite foi ao encontro de Eliana, mas as angustias haviam o congelado e ele parecia não se importar com os sentimentos dela. O beijo era frio(sim, houve beijo), mas o que sentia era um conforto, um refúgio, uma ponte para um novo caminho. Ele continuava construindo seu castelo, porém havia perdido sua princesa.


Agora pouco tentou se encontrar em meio a escuridão, no meio das luzes das câmeras e no brilho de um palco. Não se encontrou. Viu apenas uma menininha que sorria e não era para ele. Sentiu uma dor no peito, sem explicação. Sabia que esse dia ia chegar e planejava estar lá, mas não pôde. 



A procura pelo que não queria ver era inconsciente, o fazia sofrer... mas o sofrimento o fazia fortalecer. Ele não sabia se caminhava para se tornar uma pessoa calculista ou apenas realista, sonhador com o pé no chão... Embora os sonhos tenham acabado a procura por algo que o completasse era mais forte e junto com ele continuavam o lápis, o papel, as tintas, a câmera fotográfica e a parede do seu quarto azul celeste, pedindo para escrever uma nova história.

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