As pessoas que não observam

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Ontem foi o dia em que observei as pessoas que não observam. Percebi que o mundo tem cada vez mais pressa e que as pessoas se importam cada vez menos com quem está do lado. O rapaz que entra cansado no ônibus indo para casa se importa apenas em sentar primeiro. A moça que esbarra na minha bolsa só quer mais espaço. As pessoas só pensam no lucro e no retorno que alguma coisa pode dar. Se não dá em nada, pra que perder tempo?

A falta que uma pessoa faz a gente só da conta quando ela não está mais entre nós. As lágrimas caem sem a gente querer. A falta que um ‘boa noite’ apaixonado no telefone e um ‘bom dia’ bem humorado só faz falta quando não os recebemos.

A sala de aula que antes era um refúgio agora só causa mais dor. O que mais gostamos pode ser o que não queremos para a vida toda. Uma escolha pode não ser definitiva, mas o caminho da mudança pode causar mais dor. Aquele que deveria falar alguma coisa para acrescentar, não acrescentou nada. Optar por mudanças...

O abraço colorido, o colo aconchegante e o ‘como vai, companheira?’ simplesmente não acontece, pois as pessoas tem problemas demais para pensar um pouquinho na dor de quem está do lado.

Talvez alguém, lá de cima enxergue as coisas diferentes. Talvez aquele que diz para pensar em si mesmo esteja certo e a minha teoria de fazer o outro feliz para então ser feliz seja apenas um sonho que nunca irá concretizar.

O relógio não pára, o sol e a lua se revezam enquanto alguns poucos sentem o frio da noite, a fome de quem não quer comer, a dor que não quer passar, para talvez um dia isso ajudar a ficar mais forte. Ou cada vez mais fria...